Foram 326 partidas e sete anos na RED Canids. Após duradoura passagem pela Matilha — que terminou de maneira amarga — Aegis se reencontrou na criação de conteúdo e aceitou o projeto ambicioso da LOS no Circuito Desafiante 2025. Para falar sobre os novos ares de sua carreira, Aegis conversou com o Mais Esports em entrevista exclusiva:
Confira, abaixo, trechos da entrevista com Aegis, novo jungler da LOS.
Como foi para você o final de ciclo da RED Canids?
Cara, foi meio tranquilo, porque eu já sabia que era a hora. Então, fiquei um pouco frustrado com o meu final ali. Mas, ao mesmo tempo, eu estava tranquilo comigo mesmo, porque sabia o que ia acontecer e como ia acontecer, e também queria focar no meu futuro.
Em uma entrevista anterior, você citou que o MSI 2022 foi onde os problemas começaram. Você julga que essa experiência internacional foi negativa na sua carreira?
Cara, essa é difícil. Porque quando eu comecei a jogar, eu não queria muito ser pro. Eu só virei mesmo pra jogar internacionalmente. Eu queria ir bem e tudo mais, tinha esse objetivo em mente.
Quando chegou no Mundial que eu fui, eu acho que não performei bem. Podia ter jogado muito melhor. Fiquei muito frustrado comigo. Aí a gente ganhou de novo e foi pro MSI, e realmente melhoramos bastante.
Só que, no MSI, não conseguimos passar de fase. Eu senti que estava jogando muito bem, tentando acompanhar o ritmo de lá fora. Estava aprendendo rápido, jogando do jeito que eu queria… mas quando a gente perdeu, eu pensei: “Mano, não tem como. É impossível ir bem aqui. Parece muito distante.”
Aí eu dei uma broxada. E como o time já estava pra acabar também, foi uma junção de tudo. Eu fiquei: “Mano, é impossível.”
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Nessa entrevista, você comentou que teve dificuldade para se conectar novamente com os teamates. Acha que você ficou meio tonteado, procurando um norte?
É, eu fiquei. No começo, quando eu voltei, eu tava querendo mais, sabe? Senti que, quando a line mudou, eu cobrava muito a gente. O time já tinha estado no nível que eu queria que estivesse, então eu era bem chato.
Eu tentava deixar as pessoas mais confortáveis, mas, ao mesmo tempo, provocava até elas melhorarem no ponto que eu achava necessário — ou resolver algum problema que a gente estava tendo no time.
Foi uma fase difícil, meio complicada. Eu fiquei meio perdido, porque já não tinha mais aquele mesmo sonho de “ir lá pra fora”. Eu não acreditava mais que fosse mudar. Aí acabei perdido, passei por várias mudanças de line-up, jogando com pessoas diferentes, e com o tempo fui ficando mais de boa.
Conforme os meses foram passando, fui pensando melhor e voltando ao normal. Mesmo sem pensar tanto no internacional e sem ficar tão ressentido, eu ainda me frustrava muito com as derrotas. Perder sempre me afetava.
Mas, ao mesmo tempo, eu ainda gostava da competição, de melhorar, de estar jogando. No fim das contas, consegui me encontrar de novo.
Vendo antigos companheiros de equipe, como o Jojo, voltando a ter sucesso após períodos difíceis, te dá mais esperança em voltar a ser feliz jogando?
Eu tenho (confiança). Já tô me divertindo bastante jogando de novo. Desde antes, quando ele saiu da RED, eu já estava mais tranquilo em relação ao internacional.
Eu pensava que realmente era possível, que era mais próximo do que parecia — só precisava ir, sabe? Eu tinha essa cabeça: voltar lá, passar por tudo de novo, porque no fim era uma experiência muito satisfatória.
Acho que todo competidor, quando perde, fica ressentido. Mas sempre vai querer voltar, sempre vai querer ganhar de alguma forma. É normal. O Jojo foi assim também. Eu até falei pra ele, quando saiu, que não queria que ele saísse.
Eu sabia que ele era muito bom, que a gente era muito forte juntos, e que eu precisava dele pra vencer. Mas acabou acontecendo, e eu falei pra ele não desmotivar de jeito nenhum, porque ele era insano. Fiquei feliz por ele.
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Depois da RED, não encontrar times na LTA Sul foi uma opção sua, porque você teve propostas. O que te motivou a recusar o que tinha em mãos e seguir outros caminhos?
Cara, no fim do split eu estava bem frustrado. Foi com o nível que a gente jogou, com o jeito que as coisas aconteceram. No primeiro split, que foi bem curto, eu estava jogando muito bem, mas a gente não classificou. Isso já me deixou meio doido da cabeça. No segundo também não deu certo: comecei na reserva e só entrei no último jogo do regular.
Aí eu fiquei pensando: “Quero ir pra um lugar onde eu me reencontre. Quero mudar tudo, não quero mais jogar da mesma forma. Quero aprender outras coisas, quero que seja diferente”.
Quando acabou o split e vieram as ofertas, eu tinha muito interesse em uma delas, mas acabou não dando certo. Na hora eu pensei: “Beleza, vou fazer uns cursos individuais com uma galera que eu conheço, vou aprender coisas novas. Mas acho que, por enquanto, não quero jogar nesses times”. Eu precisava me sentir mais preparado, olhar as coisas de outra forma. Eu estava há muito tempo tentando mudar e não estava funcionando.
Então priorizei isso. Quando vieram outras propostas, nem pensei muito. Eu só disse que talvez não fosse o melhor momento. E fiquei mais nessa vibe de voltar ano que vem.
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Com essa escolha, você passou a aparecer na co-stream da Sucata. Como foi essa mudança de ares, para estar no controle das narrativas como torcedor e streamer?
Cara, foi divertido. É realmente diferente, né? Eu percebi que é muito fácil mudar qualquer história que está sendo passada, porque você tem controle de algumas narrativas que podem ser criadas. Antes, eu sentia que a Riot tinha muito esse poder, já que não existia co-stream: eram eles que produziam os vídeos e construíam as histórias dos jogadores.
Com a co-stream, a galera também pode criar essas narrativas. E, no fim, não tem tanta responsabilidade, sabe? Essa foi uma parte que gostei bastante — participar da Sucata, estar com a galera, sentir aquela vibe engraçada, boa, que me conectava melhor com o público.
Porque, como eu não streamava e também não sou tão ativo em redes sociais, as pessoas só viam meu lado competitivo. Talvez aparecesse em um vlog onde eu cobrava alguém, discutia uma jogada ou provocava no jogo. Então, essa imagem acabava sendo a principal referência sobre mim.
Nosso cenário, no geral, é leve em relação a isso, mas a gente tende a levar os conteúdos muito ao extremo. Teve recentemente o caso do vlog da Vivo Keyd: era só uma discussão normal, de treino, mas a comunidade reagiu como se fosse o fim do mundo.
E, no fim, todo time passa por isso — os caras discutem, se xingam, mas cinco minutos depois já estão de boa. Não existe ambiente competitivo perfeito sem conflitos.
Na Sucata, o público me viu em um espaço onde eu não precisava ser competitivo. Eu estava mais leve, mais eu mesmo, como sou no dia a dia com o meu time — mas que antes não era mostrado. Isso me ajudou a me reconectar com a galera. Foi um ótimo tempo pra mim lá, fiquei muito bem comigo mesmo nesse período.
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Como foi a chegada na LOS? Encontrar um ambiente novo e com novas pessoas?
Cara, foi muito bom. Quando eu estava na Sucata, eu fazia alguns coaches individuais com uma galera de fora e também assistia bastante jogo da LOS junto com o pessoal. Isso me deu vontade de jogar de novo, mas como o campeonato já tinha começado, não esperava que fosse surgir nenhuma oportunidade.
Aí apareceu a LOS. Sempre gostei da imagem da organização, acompanhava de longe e achava legal. Quando vi a chance, pensei: “poxa, parece uma line-up que quer subir, que tem potencial, e pode ser um ambiente totalmente diferente para mim”.
Era um desafio, porque eu só tinha jogado uma vez com estrangeiros, mas já falava inglês de forma tranquila. Além disso, seria a primeira vez jogando com um coreano — uma experiência nova.
Antes de aceitar, assisti bastante jogo da equipe e percebi que era um time com potencial, mas que precisava de alguns ajustes. Fiz o teste, passei uns dias jogando com eles e foi super tranquilo. Aos poucos, fui entendendo como pensavam, ouvindo bastante e depois trazendo mais minhas opiniões sobre o que poderia mudar.
Eu sabia que, mesmo chegando como “o novo”, não podia simplesmente deixar tudo como estava. Se eles me chamaram era porque buscavam essa mudança.
Então, tentei contribuir trazendo primeiro mais leveza e diversão para o ambiente, e depois mais consciência dentro do jogo: planejamento, execução, entender o que estávamos fazendo em cada momento. Cheguei de forma tranquila, fui ajustando as coisas com o tempo e agora está tudo em ordem.
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Você falou sobre trazer mais leveza para a LOS. Como está sendo o ambiente? E o que você tem achado do MG?
Pra mim, tá sendo uma experiência muito legal, que realmente muda bastante. Quando cheguei, senti que o projeto estava em um ambiente mais estressado, normal de competição, mas percebi que o time tinha dificuldade de enxergar o quadro maior. Eles acabavam se prendendo em detalhes e se desgastando demais com isso.
Meu papel foi justamente lembrar e mostrar outras perspectivas, facilitar o jogo. Eu sentia que a equipe jogava um LoL muito difícil, de execução complicada, mas ao mesmo tempo via muito potencial, principalmente na lane. Isso me deixou animado desde o começo. Todo dia acordo com vontade de treinar, e cada dia tem sido motivador.
Sobre o MG, ele me surpreendeu desde o primeiro dia. É um cara insano jogando. Não fala muito, mas quando está em jogo eu consigo entender o que ele quer fazer. Falta só experiência — conhecimento do que pode acontecer e como reagir.
Então, tento guiá-lo, garantir que esteja sempre bem no ouro, nas plays, no lugar certo, facilitando ao máximo a vida dele.
Acredito que esse é meu trabalho: tirar o peso dos ombros dele para que jogue solto, no estilo dele. Porque ele é muito bom, mas ainda não mostrou tudo em campeonato. Ele joga muito no instinto, no feeling. Consegue criar jogadas do nada, de lugares que não existem.
Pra mim, está sendo uma experiência incrível jogar ao lado dele.
Tem alguma expectativa para encontrar o Grev no Circuitão? A ida dele para o KaBuM! IDL te inspirou de alguma forma?
Não, não. Acho que não me importei muito. Quando ele foi pro Circuitão, eu tava muito pensando em mim, focado no meu próprio momento.
Depois, quando entrei na LOS, logo no primeiro treino — no dia que cheguei pra fazer o teste — foi contra a Kabum. A gente chegou a conversar um pouco, mas nada demais.
Eu ainda acho que, eventualmente, a gente pode se enfrentar, porque tanto a Kabum quanto a LOS é pra estarem brigando lá em cima, né? Então espero que role um confronto contra ele em playoffs. Seria bem divertido, porque a gente nunca se enfrentou em playoff, só em fase regular.
Então é isso… nada que tenha mudado muito minha cabeça, não.
Tem algum temor em que resultados negativos na LOS afetem sua carreira?
Cara… isso é algo que pensei bastante. Eu não queria encerrar a carreira e perder, mesmo com pouco tempo de time, eu não queria ir e perder. Isso pesa bastante pra mim. Eu sinto que não tenho essa opção, de perder. Então, eu sempre me cobro muito.
Quando a gente perdeu no stage, foi um choque. Fiquei pensando: “Será que eu vou perder jogos assim?”. Mas eu vou garantir que isso não aconteça de novo. Quero estar pronto no playoff e em tudo mais, pra mostrar um nível acima.
É isso que espero: que a gente sempre demonstre um nível superior, pra conseguir a promoção, que é o que importa.
Pra mim, não existe essa possibilidade de falhar. A gente tem que dar certo. E eu me cobro bastante por isso. Acho que impacta muito não conseguir a promoção, tanto pra mim quanto pra organização.
Eles fizeram ótimos investimentos, o planejamento foi bem alinhado, teve bootcamp, tempo, coaching staff… É um projeto em que todo mundo quer que funcione. Então, pra mim, não tem essa de falhar.
Recado final para quem seguirá te acompanhando, seja na Sucata ou na LOS?
Obrigado pelo apoio! Ultimamente, muita gente tem torcido bastante por mim e isso me deixa muito feliz. Tenho interagido mais, feito mais brincadeiras, e vejo que o pessoal também tem brincado mais comigo. Isso me mostra que eles me veem de outra forma.
Fico feliz também porque a galera da Red ainda continua me apoiando. Sempre tive muito respeito e admiração pela organização, falo bem deles sempre que posso.
E com a torcida da LOS, só tenho a agradecer. Sempre foram muito receptivos comigo. Ainda acho que não mostrei tudo o que posso, os jogos foram meio frustrantes, mas estou ansioso pros próximos, porque quero mostrar mais, deixar a torcida mais animada.
Dá pra sentir que eles são muito apaixonados, já percebi isso quando cheguei lá e fui muito bem recebido.
Quero atender as expectativas. O objetivo é ser campeão, subir e ganhar com uma boa margem dos times. Estou confiante pra isso. Podem esperar o nosso melhor agora nos playoffs, porque vamos conquistar essa vaga.
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