A RED Canids não venceu a LTA Sul 2025 3º split, porém um dos nomes da reta final do split foi a redenção do FNB. Após a competição, o top-laner da Matilha aceitou conversar com o Mais Esports para falar deste split.
FNB, como é que você tá, depois de ter vivido essa maratona?
Cara, pra ser sincero, tô bem feliz. Acho que a gente conseguiu fazer uma boa run. Eu esperava que a gente fosse ganhar, mas infelizmente não foi possível, mas tô feliz com o desempenho dos meninos, com todo o trabalho que a gente fez e como ele foi evoluindo também, né?
Antes da gente falar sobre o agora, queria voltar bem atrás nesse split. Quando acabou o segundo split, o Corradini fez um tweet falando que ia conversar com todos os jogadores, que ia por todos no mercado e tudo. Queria voltar nesse momento e saber: o que passava na mente do FNB? Como é que você tava se sentindo naquela época? Você tem essa memória?
Cara, eu lembro que eu não tava muito bem, assim, mentalmente falando. Eu vinha de dois splits muito ruins, tanto individualmente quanto coletivamente, mas eu sabia que a RED ainda acreditava em mim. Eles sempre deixaram isso bem claro.
Então, na minha cabeça só tava passando que eu tinha que melhorar, evoluir e reconquistar o meu espaço. Eles me deram todo o apoio possível, sempre. Eu sabia que eu não ia sair do time, mesmo eles tendo falado que iam colocar todo mundo à venda e tudo mais. Então, da parte da organização foi bem bacana isso. Eles me deixaram bem tranquilo pra focar só em voltar a desempenhar.
E como é que é esse foco, FNB? Eu pergunto isso porque eu entrevistei bastante o Hauz nesse split e ele falou muito sobre isso também, sobre esse desafio de: “pô, será que o que as pessoas falam é verdade?”. Como é esse processo?
Cara, pra ser sincero, foi bem difícil. Até no começo, eu tava me sentindo bem estagnado. Não tava sentindo evolução nenhuma. Com a chegada do Tockers, ele meio que me deu alguns gatilhos que fizeram eu buscar as coisas corretas, o que tava faltando no meu jogo, que iria realmente fazer a diferença. Sou muito grato a ele pelas orientações que recebi e pelo caminho que ele me botou.
Eu sinto que eu sempre tive alguém que me fazia melhorar. Foi assim com o Kalec, foi assim com o Coelho em 2024.2, e acho que tá sendo assim com o Tockers também, mas de uma forma bem mais expressiva. Hoje eu tô conseguindo enxergar o jogo de uma forma que eu nunca tinha enxergado.
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Essa é a época que eu menos joguei LoL e mais assisto coisas. Chego no office, abro replays de matchups e rotações, fico voltando, converso com os jogadores, com o Tockers, com o Beellzy. Não penso mais só na minha lane, tento ver o jogo de forma mais ampla, e isso tá me fazendo evoluir.
Eu queria aprofundar nessa questão da chegada do Tockers. Conversei com uma pessoa da RED que disse: “cara, a maioria é rookie, mas o FNB viveu a época do Tockers como player”. Essa pessoa tinha dúvida de como seria essa relação. Então, como foram os primeiros momentos com o Tockers? Rolou um lance de: será que ele vai ser igual como player, ou ele já chegou suave?
Eu tinha escutado muitas coisas ruins sobre ele, de diversas pessoas diferentes. Mas fui com a cabeça aberta porque o Corradini confiava muito nele. Ele sempre deixou claro que o Tockers era uma ótima pessoa e adorava o trabalho dele. E pô, ele já ganhou diversas vezes, já foi o melhor jogador diversas vezes, então alguma coisa ele tinha que saber.
Então fui aberto mesmo tendo escutado coisas ruins. Eu não esperava que ele fosse como ele é. Ele é muito tranquilo e, quando tem que ser duro, é duro também. Pra mim, foi uma surpresa.
Você lembra de algum momento específico em que pensou: “agora esse cara me convenceu, as pessoas estavam erradas”?
Acho que depois da nossa primeira semana de treino. A gente treinou contra a FURIA, que tinha acabado de voltar do internacional, e tomamos muita surra. O macro era horroroso. Às vezes saíamos na frente e perdíamos toda a vantagem. O Tockers no começo não identificava tão bem, mas depois de uma semana ruim, ele sentou, trouxe objetivos pra todo mundo e explicou mais ou menos o que os caras faziam.
A cabeça de todo mundo abriu, conseguimos evoluir. Aí eu falei: “tá, esse cara sabe o que tá fazendo”. Ele é muito bom identificando padrões. Foi aí que passei a confiar de verdade, não que eu não estivesse confiando antes, mas ali fidelizou tudo!
Após a entrevista, o FNB pediu para adicionar um momento desse pós-primeiro treino. Confira:
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Minha última sobre isso do Tockers, porque quem pediu foi o Revolta. Qual é a diferença técnica de trabalhar com um coach tradicional pra um ex-pro player que tem a experiência dele?
É um pouco difícil de dizer, mas pra mim o principal é que ele está sempre atualizado. Não sei se é porque ele era jogador e montava estratégias, mas ele sempre acompanha o meta. O swap mudou muito do MSI pro EWC, e ele sempre atualizava a gente. Estávamos com muita dificuldade no swap, ele ajudou muito eu e o Rabelo. Essa é a parada dele: surgiu coisa nova, ele já passa pro time. Você nunca vai jogar desatualizado com ele.
Você falou que a primeira semana de treino foi difícil. Pulando pra fase regular: vocês saem invictos. O que você achava desse desenvolvimento, dessa figura de líder que você foi se tornando, lidando também com suas questões?
Foi bem difícil. Mesmo quando o time ganhava, eu não me sentia bem com meu desempenho. Toda semana era uma luta contra mim mesmo pra evoluir. Eu achava que, se fosse outro top ali, o time ia continuar ganhando. Tive muita dificuldade de ser diferencial. Com o trabalho do psicólogo e muitas conversas, consegui identificar meu papel. No final, ficou claro o que eu precisava fazer. Quando entendi isso, consegui deslanchar e ajudar o time.
No vlog da RED, depois da derrota pra paiN, você fala abertamente que não jogou bem. Como estava sua cabeça? Ali você já sabia do seu papel?
Eu já sabia dos meus pontos e do meu papel no time. Tinha tido uma ótima semana de treino, mas não consegui desempenhar no dia. Depois da derrota fiquei um pouco balançado, duvidando de mim mesmo, mas logo recuperei a mentalidade. Isso me ajudou a jogar bem nas semanas finais. Era algo que estave sendo construindo, mas não tava completo.
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A comunidade tem a narrativa de que o “FNB pipoca”. Isso ainda te afeta ou já não liga mais?
Hoje não ligo mais. Antigamente me acertava muito, principalmente antes da RED, era bem difícil de eu lidar. Mas percebi que, querendo ou não, tinha uma verdade nisso. Eu não era tão bom quanto achavam. Eu tinha qualidade individual, mas pra fazer diferença precisa de muito mais. Eu não era um jogador pronto, faltava conhecimento.
Esse conhecimento que você fala, além de jogar a lane bem, o que o player precisa?
Precisa entender as funções dos companheiros. É uma engrenagem: se uma parte trava, atrapalha todas as outras e vira um dominó. Faz diferença ajudar seus teammates a fazer a coisa certa, isso facilita seu próprio jogo também.
Depois da derrota pra paiN, vocês caem pra Lower e enfrentam a LOUD. Ali você se orgulhou do seu desempenho?
Não, no jogo contra a LOUD ainda tive deslizes. Mas dentro da série consegui identificar e lidar bem com eles. Isso foi vital. Achei que ia ser mais tranquilo contra a LOUD, mas eles estavam bem preparados.
E contra a LEVIATAN? Teve a impressão de que foi a primeira série sem depender só do Kaze? Porque eu tive um pouco dessa impressão
Sim, pode ser um pouco disso. O Kaze vinha roubando os holofotes, jogando solto, jogando muito. Mas contra a LEVIATAN acho que mostramos evolução como time, não só uma performance individual dele.
E contra a paiN, aí você se orgulhou?
Ali sim, vi que tudo o que trabalhei, todas as matchups estudadas até tarde da noite, estavam sendo aplicadas. Fiquei feliz com meu desempenho.
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Essa série foi a mais importante da sua carreira?
Provavelmente, provavelmente sim. Acho que foi meu melhor desempenho individual. Não matei 50 cabeças, mas fiz coisas que um jogador de alto nível faz.
Você falou na entrevista com o Takeshi que se duvidou muito. Até onde foi essa dúvida? Pensou em parar?
Foi mais pro lado de achar que tinha que parar do que de não conseguir. Muitas vezes eu tinha certeza de que conseguia, mas achava que não era pra mim o esporte coletivo, por mais que eu gostasse. Não conseguia passar minhas ideias pras pessoas, então parecia que era problema meu.
Esse split me mostrou que não é bem assim: tudo depende de com quem e como você lida. Aprendi e ensinei coisas. Antes eu pensava “não nasci pra isso, até sou capaz” e isso era bem duro, mas hoje não (rola) mais.
Chega a grande final. O que rolou?
A gente estava esgotado, derretido, sendo sincero. A comunicação era outra, parecia que não eram as mesmas pessoas que eu jogava no dia a dia. A gente tentou segurar a barra o máximo que deu, mas não acho que dava pra vencer do jeito que estava. Não éramos nós jogando ali.
Depois da fala do Tockers sobre treinos contra a Keyd, como foi essa relação de treinos?
No começo era bem difícil, a gente não conseguia ganhar dos caras. Mas do meio pro final do split treinamos bastante contra eles e ganhamos mais do que perdemos, contando do meio pro final. Acho que no saldo geral, deve ter sido 60/40 pra eles.
E depois da final, qual foi a conversa?
Foi basicamente um “valeu”, sabe? Principalmente da parte da staff, eles disseram que estavam bem orgulhosos, e a gente entende que valeu por que ainda temos chance de ir pro Worlds. Mas nós jogadores ficamos com um gosto ruim na boca, a maioria não conseguiu lidar tão bem, devem ter um ou dois bem triste pela série e pelo desempenho. A expectativa estava bem alta.
Você é um desses “um ou dois”?
Não, eu estou mais tranquilo. Meio que não deu pra sentir, foi tão rápido, que também foi indolor. Não deu muito pra sentir, quando você chega em casa, você começa a refletir sobre as coisas e fica triste… mas no momento eu não senti.
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Eu sei que ainda não é um internacional, mas essa Cross-Conference é a primeira vez que você viaja com um time pra jogar em stage. Qual é o sentimento?
Tô bem feliz. Era um dos meus sonhos. Não é um campeonato internacional, mas vou jogar contra players de fora, já joguei algumas vezes em bootcamp, mas agora vai ser em time. Tô ansioso.
Dá pra ganhar dessa Shopify?
Acho que dá sim. Tirando a Flyquest, todos os outros times são alcançáveis.
Pra fechar, qual foi a história desse split pra você?
Acho que a história principal foi a que… jogar com os novos talentos foi revigorantes. Jogar com os três novatos foi uma surpresa muito boa. Me deu uma vontade a mais de jogar de novo, foi algo que eu não sentia há muito tempo, confesso.
Os dias de treino eram leves, o clima era leve, e fomos construindo isso ao longo do split. No primeiro dia não era assim, mas ao longo do split fomos criando isso e no final, tínhamos uma relação muito boa entre os cinco.
Tá orgulhoso de ter vivido essa história?
Tô, tô bem feliz. Agradeço demais a todos eles por me proporcionarem esse momento.
Quer deixar um recado pra torcida?
Quero agradecer. Recebi muita mensagem, de amigos antigos também. Foi um apoio imensurável. E agradecer à Matilha, que sempre apoia a gente. Ainda temos chances de ir pro Worlds e vamos representar muito bem.
As dúvidas acabaram?
Acabaram. Com certeza.
RED Canids segue viva na briga por vaga no Worlds 2025
Com o vice-campeonato, a RED Canids ainda tem chances de ir ao Worlds 2025. A equipe disputará a Cross Conference, uma espécie de repescagem contra os melhores times da LTA Norte, valendo uma das vagas restantes no campeonato mundial.
Já a Vivo Keyd Stars, campeã da LTA Sul 2025, garantiu classificação direta para o Worlds 2025, mas também jogará a Cross Conference em busca de um seed melhor no mundial.