Durante o MSI 2025, o streamer de LoL Caedrel entrevistou o técnico da atual campeã da LPL, Tabe. Na conversa, o coach da AL revelou detalhes da sua rotina de treinos — e suas palavras geraram uma grande insatisfação na comunidade brasileira, principalmente pela intensidade imposta aos jogadores chineses. Relembre a fala:
Somos um time que trabalha muito. Nós somos um time que trabalha muito duro. Dois blocos seria pouco. Pra mim, três blocos é o padrão. É senso comum. Um às 14h, outro às 19h e o último às 22h.
Então, talvez nosso tempo de descanso seja lá pelas 00h até 1h da manhã. E depois disso a gente vai jogar partidas ranqueadas, lá pelas 2h, 3h ou 4h da manhã.
Essa revolta da comunidade gerou uma resposta no cenário: o chamado “efeito Tabe”. Um dos principais pontos da rotina chinesa era o bloco noturno de treino, prática que começou a ser implementada no Brasil — mas cada time à sua maneira.
Como a LTA Sul 2025 está se adaptando aos treinos noturnos?
Unindo falas de coletivas de imprensa, trechos de streams e entrevistas exclusivas ao Mais Esports, reunimos as falas de representantes de todas as equipes da LTA Sul 2025 sobre como cada uma está lidando com os blocos noturnos de treino.
LOUD – técnico Raise acredita que blocos noturnos podem elevar o nível do Brasil
Em coletiva de imprensa, o novo técnico da LOUD demonstrou ser favorável aos treinos noturnos. Ao justificar seu ponto de vista, Raise explicou como os treinos funcionam em outras regiões, como LTA Norte e Europa:
Sei que no NA e EU se scrima com 5 jogos. É como um bloco único, mas que faz os players se sentirem mais cansados. Se dividirmos isso em dois blocos, pode ser mais eficiente e os jogadores sentem menos fadiga. Além disso, geralmente conseguimos aproveitar melhor o treino do que em cinco jogos seguidos. Por isso, acredito que isso deve aumentar o nível da liga aqui no Brasil.
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RED Canids – técnico Tockers relembra como era e afirma que só o treino noturno não é solução para o cenário
Com as referências ao que acontece em ligas do ocidente, surge a pergunta: como era no Brasil antes disso? Em uma de suas lives, Tockers explicou como funcionavam os treinos na sua época como jogador, e também antes de assumir a RED. Confira:
Tá rolando bloco noturno, mas, obviamente, acho que não tem nenhum time fazendo isso todo dia. Até porque, na minha visão, todo dia é inviável — mas sim, tem bastante procura por treinos noturnos.
Os treinos mudaram um pouco, né? Antes desse split, os treinos estavam sendo uma MD5 começando às duas da tarde. Quando ouvi isso pela primeira vez, não gostei muito. Achei um calendário bem tenebroso, pra ser sincero… mas era o que eu estava fazendo.
Na época em que eu jogava, eram dois blocos de três jogos a partir da uma da tarde, e normalmente você marcava com dois times diferentes. Assim, não dava problema. Jogar os dois blocos no mesmo horário era um caos.
Agora os times estão fazendo alguns testes. Tem time jogando um bloco de cinco jogos à tarde e tentando encaixar dois ou três à noite, sem review — só jogando rapidão. Outros ainda estão tentando manter os dois blocos de três mais dois jogos à noite.
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Enfim, agora é uma fase experimental. Cada time está testando o que funciona melhor pra si. Mas, sinceramente, não acho que o bloco noturno vá revolucionar o League of Legends brasileiro.
Mesmo que você faça o treino noturno, ele não é tão proveitoso quanto um scrim tradicional. É mais repetição, testar alguns drafts. Esses treinos acabam sendo muito mais “feeling” do que algo realmente pensado e estruturado.
Vivo Keyd Stars – O foco do Brasil vem sendo treinar mais, nas palavras do técnico Bielzera
Vivo Keyd Stars – Foco do Brasil tem sido treinar mais, segundo o técnico Bielzera
A Vivo Keyd Stars é uma das equipes que participou de um bootcamp recentemente, e o assistente técnico Bielzera comentou que essa experiência serviu como impulso para uma rotina mais intensa por parte dos Guerreiros.
Estamos treinando mais, e isso está evidente. Os times estão querendo treinar mais.
Segundo ele, desde o bootcamp, a equipe passou a seguir uma rotina mais puxada. No entanto, Bielzera ressalta que só aumentar o volume de treinos não resolve tudo:
Sendo bem sincero, não dá pra resolver tudo só jogando mais, porque desse jeito a gente só vai acabar em burnout na quarta semana. Então não adianta focar só em quantidade.
O técnico explicou ainda que, durante o período nos Estados Unidos, os treinos noturnos eram frequentes, inclusive contra equipes da LEC:
Nosso nível estava um pouco acima durante o bootcamp porque treinávamos à noite contra outros times, inclusive europeus.
De volta ao Brasil, os treinos noturnos continuaram, mas Bielzera reconhece os desafios:
Jogar à tarde é produtivo, mas os treinos noturnos são mais complicados: ou estamos muito cansados, ou o outro time já treinou o dia inteiro, e esses jogos acabam não tendo muito valor.
A Keyd busca atualmente um equilíbrio. A ideia é manter três blocos noturnos por semana, sem ultrapassar esse limite:
Mais do que isso não dá, porque temos só quatro dias de treino de fato — terça, quarta, quinta e sexta — já que os jogos são no sábado ou domingo. Se nos matarmos todos os quatro dias, vamos chegar no fim de semana sem capacidade nenhuma.
Apesar dos desafios, Bielzera afirma que há uma boa rede de parceiros para scrims, inclusive com equipes do Tier 2:
Tem bastante time treinando, inclusive alguns do Tier 2, então temos alguns bons parceiros e os treinos estão funcionando.
FURIA – Maestro demonstra preocupação com burnout, mas vê o momento como essencial
O General Manager da FURIA, Maestro, falou em entrevista exclusiva ao Ilha das Lendas sobre a importância de aproveitar o momento vivido pela equipe. Confira:
Dá, dá demais (sobre fazer o bloco noturno). Tem que ser feito, está na hora da gente aproveitar o momento. Uma das principais questões que eu tive na FURIA foi recentemente a adição do guerri.
Não sei se a galera do LoL conhece, mas ele foi um treinador lendário no CS e hoje é head de Esports na FURIA. Ele traz muito a experiência da galera que joga internacional o ano inteiro do CS, né? E ele falou: “cara, agora o mais importante para nós é não perder o momento. Esse flow de treinar mais e mais forte, time tá indo bem, não pode perder.” Então, se der aquela descida, deixar a peteca cair, acabou.
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Os outros times vão chegar e já era. Então, sim, a gente tem a preocupação com burnout, vamos conversando e fazendo atividade, ajeitando rotina e alimentação, mas não pode perder o momento. Como foi falado, é um campeonato de tiro curto, é pra agora e pra não ficar de férias 5 meses. Vale a pena.
No papo de hoje com o @ilhadaslendas, o @MaestroPierre já avisou que a #FURIALoL vai manter o mesmo ritmo nos treinos! pic.twitter.com/RV7jlXqv8O
— FURIA (@FURIA) July 28, 2025
O técnico Thinkcard também fez questão de explicar como a FURIA está buscando ao máximo se aproximar da rotina das equipes mais dedicadas do oriente. Confira:
Estamos tentando fazer 8 partidas de treino por dia:
- 13h–18h: 5 jogos;
- 19h–22h: 3 jogos.
Isso é mais do que a maioria dos times ocidentais no mundo, e próximo do ritmo dos times orientais mais dedicados, como a AL, que joga cerca de 9 partidas por dia. Estamos dando tudo de nós — sem desculpas, sem arrependimentos.
We are trying to scrim 8 games per day
1:00-6:00 5 games
7:00-10:00 3 gamesThis is more than most western teams in the world, and close to the hardest working eastern teams like AL who play around 9 games a day. We are giving it our all, no excuses, no regrets. https://t.co/FGBGapN1i1
— Thomas Slotkin (@Thinkcard) July 25, 2025
paiN Gaming – Sarkis explica como a Tradição encaixa os blocos noturnos na rotina
O assistente-técnico da paiN Gaming, Sarkis, explicou que os blocos noturnos estão diretamente relacionados para com a rotina dos jogadores. Entenda:
A rotina dos treinos mudou um pouquinho, a maior questão foi o horário de início, tá todo mundo começando 13h agora. E referente aos blocos noturnos, eles têm que ser visados de uma forma de adaptação e não de ser implementados de uma vez, acho que com a gente eu escolho fazer esses treinos em dias mais tranquilos, que a gente não tem coisas de manhã pra fazer.
Então, acaba que durante a semana a gente vai ter dois dias que tem bloco noturno e os outros a gente não tem, por conta que acho que forçar os jogadores a terem uma rotina muito pesada não é muito benéfico, então a gente acaba jogando um, dois (dias), depende, só o horário de scrim que agora é 13h sempre.
LEVIATAN e Isurus: os times da LLA também adotaram a prática, mas confessam não ser uma grande mudança
Zoen, top-laner da Isurus, afirmou que os treinos do bloco noturno não costumam ser os melhores. Confira:
Sobre os treinos, estamos jogando muito, mas não são os melhores treinos do mundo. Mas estamos jogando demais (quantidade). Todo dia estamos jogando League.
Por outro lado, o assistente-técnico Nothing, da LEVIATAN, afirmou até mesmo preferir o método antigo. Veja:
Acho que temos alguns blocos à noite, mas não considero uma grande mudança, porque já fazíamos isso no passado. No geral, tem sido uma experiência positiva. Para mim, o melhor formato ainda é aquele com cinco jogos em um só dia, e depois alguns blocos noturnos em dias específicos — isso me parece o ideal.
Ter um bloco noturno todos os dias é algo que considero bom. Não é uma mudança tão significativa para mim, pessoalmente, mas acho interessante, especialmente se você for como nós, que precisamos jogar muitos jogos.
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Fluxo W7M – Por que insistir se os treinos não são os melhores? Sammy responde à pergunta e reforça a importância dos blocos noturnos
Em entrevista exclusiva ao Mais Esports, perguntamos ao assistente-técnico Sammy se não atrapalhava insistir em um método de treino que, à primeira vista, parecia pouco proveitoso. Confira a resposta:
Acho que, assim como na nossa rotina, tem coisas que vamos fazer que são desconfortáveis. Não vai ser legal no primeiro impacto, mas, a partir do momento que você começa a fazer com frequência, por vários dias seguidos, durante um mês, isso começa a se tornar natural e você percebe que consegue fazer aquilo com mais qualidade — e cada vez com mais qualidade.
Acho que isso é comum (a falta de qualidade dos treinos noturnos). Ninguém estava acostumado a treinar à noite. Muitos times não estavam. Então, quando você começa a treinar nesse horário, sente o impacto inicial. É normal. Mas, com o tempo e constância, isso passa.
Pra gente, está sendo extremamente benéfico. Estamos usando esse período pra corrigir detalhes que acreditamos precisar ajustar: posicionamento de luta, fase de rotas, matchups que queremos revisar… Usamos o bloco noturno pra trabalhar pontos cruciais, pontos-chave, que acreditamos poder intensificar para melhorar nosso desempenho.
Acompanhe a LTA Sul 2025 3º Split
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